21.1.06

...Descontinuando...

Depois de muito tempo
...Tempo...
Quanto tempo se teria passado? Do que ele era feito?

Um jardim enorme cheio de flores coloridas das mais diversas formas, cores e tamanhos. Árvores e uma criança brincando e rindo. Uma fonte logo a frente, derramando água. Do outro lado, outra fonte. Desta, jorrava leite.
-Tenho de voltar tenho de voltar, não, não quero ir, não quero!
Choro angustiante de quem está mais que sozinho.
-Alguém, por favor!
Estende a mão sedenta de vida.
-Calma, preciso de calma. Mas com calma não tenho força. Quero de volta minha dor, sinal de vida! Onde está a minha dor?
Grita como se seu grito existisse pra alguém.
-Quero de volta minha dor viva!
Cheiro do café que a mamãe fazia. Cheiro das poucas vacas restantes. Paz de pesado sono infantil.
-Minhas mãos adormecem por mim, deixando a estranha sensação de morte.
Olha e vê um penhasco. Há de ter gente lá embaixo.
-Eu não vejo outra saída que não seja deitar por lá e encontrar algo que me faça sentir de novo a realidade!
Caminha acompanhada do amigo desespero. Riem juntos. Uma ansiedade triste, um nó que desce da garganta e é engolido, sem importância, sem pés numa realidade de aqui-ali, sem isso menos aquilo mais outro disso que. O ar já não importa.
-Ah, seus monstrinhos! Parem já de fazer-me rir! Não tem graça ouviram?
Dizia, retorcendo de tanto rir.
- Me dá aqui um desses balões! Eles explodem?
E ria cada vez mais e com menos pudor.
- Existe um rio agitado logo abaixo dos meus seios! Mas vocês não podem sentir! É tão engraçado sentir!
O balão explode em suas mãos.
Retorce a terra embaixo de seu corpo, seu riso tem a intensidade do silêncio.
-Parem já com isso
Quase diz, e nem ela mesmo entende.
Um silêncio tedioso toma conta de tudo, tudo toma conta do tédio silencioso.
O nó que engolira anteriormente começava a dar-lhe enjôos. Nem crianças, nem animais, nem fontes. As coisas não existiam e não tinham graça. Os enjôos, a cada instante ficavam maiores e mais atrevidos. Deixa-se cair por preguiça de desejar outra coisa.
A queda cura o nó da barriga, as flores caem por cima...Tudo se acalma.

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