28.12.09

O que quero dizer com isso?
Que naquela manhã, quando você pegou o trem azul, isso foi muito além de poesia, se foi poesia eu fiz por merecer minhas preces de vê-la relinchar na minha frente e até dentro de cada veia minha.
Quero dizer é que quando você entrou naquele trem azul eu derreti inteira por dentro e por fora, porque eu me saía por cada buraco do olho e quase não dava tempo de tanta lágrima salgada sair, aquela luz da manhã, aquela manhã estranha, cinza que começa com sol e logo chove, aquelas pessoas indo trabalhar, com muito mais motivo pra chorar que eu, essa coisa mimada que não cresce, e se vê no direito de chorar de sentimento em plena terça-feira cinza dessa cidade feia e preocupada.
Não era isso o que eu queria dizer.
Queria dizer é que na hora pensei assim que não queria amar, não.
Se era isso que vinha buscando e só podia ser, pra ter encontrado tamanho problema, eu não queria mais.
Porra, como doeu te ver entrar naquela merda de trem!
Eu vi a face cruel do amor, essa coisa egoísta que não dá mais paz, que não deixa cada segundo ser qualquer coisa, que torna tudo meio escravo, viciado, besta.
Queria dizer é que.
Só conseguia era chorar.
Em pouco tempo, levou um pedaço de mim, e isso é muito mais que poesia.
Levou mesmo.
Não quer devolver.
Não vai devolver.
Eu não deixo.

3.12.09

Agora a lua não é mais uma mancha triste no céu.
É um pedaço da paisagem você.
Um pedaço.
A rua, os perfumes das manhãs, as pedrinhas na calçada.
Nada mais tem a paz de ser só o que é.
A lua, um pedaço de você.

Uma luz grande piscou
Feito um flash
Num bosque encantado onde tudo se iluminava
Em menos de um segundo
Tudo aconteceu
Uma voz me disse baixo.
E na hora eu disse sim.