24.3.09

vão - espaço, vazio e verbo.

olha o céu de novo enquanto corre do desconhecido e nele encontra o que deixou há tempos, as nuvens e estrelas com seu brilho diferente. pára, respira, abre o portão e entra.

esse brilho diferente que as coisas tem no outono.

será o outono?

também sua chegada e a volta da coragem de olhar pela janela, pro céu a noite.
encarar essa imensidão escura, colorida, pintada.

pinta um desenho na tela do sonho.
se tivesse agulhas faria uma tatuagem?
não.

mais descuido e escreveria uma carta pra alguém bem próximo, esse alguém bem
próximo-distante que agora está tão perto, ao alcance do telefone.

escreveria uma carta, bem rápido sem pensar muito na bobagem que é escrever uma carta.

impulso .
pulso.
do coração, esse vão entre o agora e o próximo segundo, essas coisas sem nome.
ela diria assim

algo como "obrigada por deixar voce aqui comigo.
Esse pedacinho.
que me dá essa coragem de olhar de novo pela janela.

encarar essa escuridão a noite.
chegaste junto com o outono.
as folhas vão cair, aquela coisa toda do vento beijando a pele no fim da tarde.

Gosto de outonos."

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma ternura inocente, doce, que no entanto não tem nada de infantil...

Um dos meus pedacinhos mais belos (e bem quistos) ficou com vc, o que é preciso fazer para tê-lo devolta?


Tudo o que sobra então são apenas lágrimas.... que no encontro com a poeira seca do outono dão um adorável chiqueiro, onde posso chafurdar-me sem pudor...