21.6.06

E já tomei todas as coisas quentes da dispensa
Fumei todos os cigarros
Roí todas as unhas depois de passar todos os esmaltes.
Andei cada metro deste apartamento imundo
Abri a geladeira todas as vezes que passei por ela
Liguei pra todas as pessoas da minha lista de amigos (que ainda dependem de mim pra qualquer coisa, e não vão demonstrar incomodo).
Tomei uns dois ou três banhos, mas ainda falta-me algo.
Arrumei os objetos da estante de diferentes formas, mas continuam desajeitados, como tudo hoje.
Liguei as tvs e rádios da casa pra afastar o silêncio, e hora ou outra desligo tudo, por parecer que o telefone ou a campainha me chamam aflitos. Solos de guitarra.
Parei muitas vezes no meio da sala, como se alguém me observasse muito por trás, por dentro, por entre. E não tinha ninguém.
Lancei olhar certeiro na fechadura da porta, no olho mágico. Que não era mágico.
Desliguei tudo, tomei outro banho, tentei de novo.
Desta vez o silêncio, depois a música clássica. Bolinhas chinesas pseudo-terapêuticas, fechar os olhos, ouvir por dentro do nada, ao caralho essas impossibilidades! Tentei meditação, respiração, masturbação e nada!
Essa velha mania chata de felicidade-eternidade-novela-das-oito que nada curou melhor que a caneta achada depois de perdida jogada embaixo do sofá, unida então com o papel-recibo da pizza de ontem amassado-temperado-engordurado ex-amassado sobre a mesa, a mesa e seus todos copos do armário – Há quanto tempo não lavava um copo? e depois de escrever-amassar-jogar no lixo... dormir. E acordar. E continuar, insistir, continuar.

2 comentários:

Cristiano Gouveia disse...

E assim gira o mundo, essa roda-bola gigante...

O Pilha Blogs disse...

Xiiii, isso está complicado...
Vê lá se te acalmas, tentaste muita coisa sim, e que tal sentar no sofá e tentar ler um bom livro e beber uma cerveja fresquinha...