3.11.06

eles passaram a não se olhar.
ela tentava, mas não se lembrava qual tinha sido o divisor de águas. A saia da mulata, o atraso do domingo, as dores de cabeça e de alma das noites passadas.
não. não era.
ana passava pelo corredor, ele seguia na calculadora.
ana no varal, anos a fio, ana secando ao sol. hoje, ele suava o sofá velho, com o café encharcado de todo dia.
ana no varal, o vento levando sua saia, pra ninguém perceber.
ana ninguém.
ana suando na cama, ana sonhando sozinha, ele pensando na vida, vida sem ana.
ele de olhar longe, até longe não tinha mais ana.
ana mais que longe.

Um comentário:

Cristiano Gouveia disse...

A gente faz hora e os dias passam...

Belo texto.

Bem vinda de volta!