31.8.09

Ele olhou o céu e parou de imediato o caminhar. A luz do sol parecia ficar mais forte no cume do céu, mas o sol - ele mesmo - já estava pra lá do horizonte. De repente se sentiu ridículo parado no meio da praça central, pessoas esbarrando rápido. De repente se sentiu ridículo esperando algo.

Ela teve uma noite péssima. Sua cabeça estava dolorida e pesada, com os olhos tão inchados de chorar que certamente todos estavam pensando, pela rua, que ela apanhara do marido. Mas ela não era o tipo de moça que apanha do marido. Ela nem tinha adquirido um ainda.
E nem percebia, ela, que a maioria das pessoas nem via seus olhos nem pensava em qualquer coisa. Saiu de casa já tarde pra mudar de cenário. Achava péssimo morar no centro, mal abrir o portão do prédio e já dar de cara com o ritmo alucinante da vida. A vida. Odiava não ter tempo de se adaptar. Andou no próprio ritmo, por birra o da tristeza. Lento e cinza. Já passava das cinco e o sol baixo não cegava mais, então o viu.


Então o viu ali parado, ridículo bem no meio da praça, olhando pro céu e esperando sei lá o quê. Parou em frente e ficou esperando. Foi quando ele voltou a cabeça pra horizontal e a viu.

Os dois se reconheceram, na tristeza ridícula do outro. Deram as mãos e voltaram pra casa. Nenhuma nave, nenhum salvador, nem chuva, nem arcó-íris. Nada.
Além disso.

Um comentário:

Rogério Miranda disse...

Sou seu fã, gosto muito de ler o que você escreve!

um beijo meu, e quem sou eu? o roger, "nada. além disso."