22.5.06

"De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra/ outra realidade menos morta/ tanta mentira, tanta força bruta"
Chico

Um dia desses vi um homem por dentro. Sentei num lugar qualquer de um lugar aí, e assim... Não sei como, vi um homem por dentro.
Sozinho, acompanhava o próprio corpo. Tinha olhos audazes, desvendando o mundo imundo.
No momento que captei seu corpo-além, pensava na crucificação, na eterna crucificação diária das possibilidades. Lembrava. Não dava pra assistir suas lembranças, porque não era filme.
Era um via-crúcis cheia de erros. Dias sussurados no escuro com surras, sufoco, silêncio
SILÊNCIO!
Pensava nas pessoas que antes... Antes... Isso era antes. Isso eram só lembranças, sussurava.
Mais vivas que o presente refletido em seus olhos.
Carregava cada ano no lombo de sua alma, e cada lembrança tinha ânsia de viver.
Pensava na crucificação, mote e fim da Roda viva. Via tantos olhos distantes de qualquer coisa que existisse, sabe?
Não, não sabe...
E via cruzes inúteis apodrecendo na ironia.
Pobre espírito... Pobre homem.
E as coisas que existem, são só coisas de querer que elas existam...

Um comentário:

Cristiano Gouveia disse...

Seja bem vinda de volta.
Com seus olhos de enxergar avessos.