22.11.12


Talvez ela estivesse acumulando desorganizações para manter a mente ocupada e distraída da desorganização maior: ela própria.

MAS VOCÊ NÃO SE CANSA DE TANTA LITERATURA ESTÚPIDA E DESABAFO SOBRE SI MESMA? NÃO SE CANSA DE TANTO EXISTENCIALISMO BARATO?

Cala a boca, sua voz não é a minha, sua voz não sou eu. Não me sinto cansada.

Comprou um presente para si mesma há uma semana: ainda não abriu.

Se vai esperar o natal?

Duas garrafas de vinho vazias ao lado da cama. Uma nem tanto. Agora sim.
Pedaços de outros tempos passados, planos futuros, no futuro ainda de serem escritos no bloco de notas, nem isso, os planos voam desapercebidos e esquecidos no dia seguinte pela manhã – já há quanto tempo sempre atrasada?

TEMPO?

Talvez que os planos futuros houvessem mergulhado nas garrafas em busca de algum restinho.

Amanhã ela vai jogar fora essas garrafas.

21.11.12

E depois de tantos desencontros, fosse talvez agora o momento em que ela, caindo num inevitável buraco negro, branco, procurando na memória qualquer lembrança boa que pudesse trazer algo.

Não que ele significasse algo pra ela.
Não que nesse tempo todo ele tivesse significado.
Uma coisa boa que passou e perdeu o sentido por alguns motivos.
Uma coisa boa.

Mas ela tinha ouvido falar dele, e assim não se sabe porque - obra do acaso - resolveu fazer uma coisa, um atrevimento.

Mandar por e-mail a música que eles tinham ouvido tantas vezes: na sala da casa, no chão, e perguntar se ele lembrava.

Love me two times, baby. 
Love me twice today.

Decidiu, finalmente.
Mas a internet falhou.

Repensou, redecidiu.

Foi enviar a música, atrevida e feliz.

Mas a foto do perfil dele era de beijo na boca apaixonada da outra, apaixonados...
Era de beijo na boca.

Era assim o tempo, cheio de surpresas. A música ficou para sempre suspensa entre o CTRL C e o CTRL V.

Nada importante.
Deu quase uma saudade.

I´m goin' away.