24.7.08

Diário de bordo da stellinha de 9 anos

20 de julho de 1996 23h13

Sábado.

Querido diário

Hoje acordei e tomei banho e depois fui para a minha vó 13h23 quanmdo cheguei lá a jaque e a bianca e o meu primo ricardo estavam lá e eu nem sabia que eles lá estariam e levei meus brinquedos agente eu minha irmã, a jaque e a bianca brincamos de escolinha Eu e a Jaque fomos professoras e a Bianca e a Jéssica foram alunas Elas foram embora e eu e a minha irmã Jéssica ficamos meu pai chegou e me levou embora quando cheguei meu pai fez uma coisa de fazer bolha de sabão e eu e a Jé fizemos depois eu fiquei... (não dá pra ler)


12 de julho de 1996

Querido diário

Hoje de manhã acordei na tia nena pensando que eram 10:00 e eram7:10 da manhã eu e a fátima viemos para a tia Emilia e chegamos lá estavam todos dormindo e batemos na porta e o tio nene abriu e nós entramos e ninguém acordou, o tio nene dormiu de novo eu e a fátima fomos até o banheiro e a vó apareceu ela fez café e eu tomei e saí na ruaum pouquinho achei um boné dos mamonas assassinas. E fui logo, correndo, pedir pra minha vó 2,75 e ela me deu eu fui logo lá comprei e já voltei com ele na cabeça e fiquei muito feliz.
Quando a noite chegou eu fui na pracinha e uns meninos ficaram nos chateando e até quebrou a orelha do meu bichinho a vó costurou e eu e a natalia voltamos e depois de muito "lutar" nós pegamos amizade um deles se chama junior não deu amizade comigo deu "namoro" é isso ai ele é lindo tem cabelo loiro olhos azuis e muito sincero ele também gostou de mim e nao vai dar porque nós moramos muito longe e só por carta e telefone não iria dar e fiquei com ele muito tempo mas quem sabe e fui dormir.

BOA NOITE


(Na última página) 29/12/95 Segredo não tomei banho

...
(ps: a grafia e todas as palavras são da menina de nove anos, a qual peço licença para aqui publicar esses pequenos segredos)

11.7.08

pequeno excerto

Acreditamos que esta nossa terra vem abrigando durante séculos muitos projetos de muitos “brasis”. Em alguns momentos de nossa história, conseguimos criar ou pelo menos esboçar coletivamente u sonho de país. Os pesadelos que se impuseram a todos esses momentos nos recolocaram a tarefa de recomeçar. E recomeçamos, sempre do zero. Nunca conseguimos dar o próximo passo, sempre só o primeiro.Como se já não estivesse longe a caminhada. Ao reaprender a andar, nosso modelo nunca é o nosso, como se nos envergonhássemos da diversidade das gingas de nosso andar. Sempre aceitamos heroicamente a eterna e para nós inédita tarefa de reinventar a roda já tantas vezes inventada.
(Celso Frateschi, A Reconquista da Agora. Odisséia do Teatro Brasileiro)

10.7.08

Nada demais.



Ano eleitoral. A cidade se transforma rapidamente, sem que haja tempo para adaptações.

Todos os pedidos são atendidos ao menor sinal de insatisfação popular...



Ela sempre esteve ali. Desde que eu me conheço por sempre, ela existia.

No frio, na chuva, no sereno, na garoa, na neblina, no sol forte, no seco, cobrindo o sol no cair da tarde, quando chegava o outono e a primavera naquele dia certinho, que o vento batia mais gelado no rosto, dia 21 de março.

Ela estava lá.


Engraçado, como eu nunca pensei na possibilidade de um dia ela não estar mais.


Quando eu abria a janela só pra ver a tempestade, era ela quem ficava dançando na chuva pra todo mundo ver, sem medo de raio, ela dançava, uma dança bonita... grande... toda ela na paisagem.


A vida inteira foi assim.

Meu sempre, sempre foi cheio das sombras dela.

Indo e voltando, la estava ela no caminho.


Anteontem fiquei ouvindo um barulho ruim a tarde. Um ruído que não é daqui.


Ontem olhei pela janela.

Ela não estava mais lá.

Assim, como se não fosse nada demais. Assim rápido: ontem-ante-ontem. Os ruídos tinham cortado-lhe o tronco, deixado-a no chão como outro objeto morto qualquer.

Saí por todas as janelas na esperança de que eu só não a estivesse enxergando, ela havia de estar em algum lugar.

Mas ela não estava.

Minha árvore da vida inteira simplesmente não estava.


Agora vou ter que me acostumar a descer a rua sem pisar nas folhas secas úmidas dela.

Eu queria que existisse um lugar onde eu pudesse visitá-la as vezes.