30.5.08

Eu sou forte.

Disse pra si mesma, pequena, escondida atrás da estante de madeira marrom bem escura.

Eu sou forte.

Disse pra si mesma, a outra atrás do espelho.

Eu sou forte.

Olhou o relógio e partiu.

9.5.08

Nem Parece

nem parece que foi ontem que o acontecido aconteceu
nem parece que o esperado num instante desapareceu
nem parece que foi lá
nem me parecia ser um lar
(...)
nem parece que o que aconteceu repercutiu demais pra mim
nem parece que minhas lágrimas tiveram fim
nem parece que eu chorei
nem parece que eu quis chorar
(...)
Não sei se no fim tudo vai voltar

MOMBOJÓ

5.5.08

My funny valentine


O vento bateu em seu rosto.
Gelado.
Todos os anos, todos os outonos, todos os dias azuis e gelados, ela pensara agora, estavam deixando-a por dentro, azul e gelada também.
Cada vez que chegava o dia azul e gelado e o vento batia cortando, vinha aquele monte de sentimentos antigos, rastros de pessoas, perfumes, flores, cores, luzes que só esse dia tinha. Pessoas...que ela amaria todas, ela amaria todo mundo, todos os futuros e passados se assim fosse permitido. Mas não era. Os sentimentos vinham como que em bolhas, como se ela pudesse vê-los. Lembrar-se deles. E não mais sentí-los. Nunca mais sentí-los.
A sensação de estar desperdiçando algo o vento sempre devolvia.
Olhar o céu azul e não.. e não... e nunca. Nunca chegar nem perto.
Porque há de existir algo nos livros. nos filmes. nas peças de teatro. nas músicas. algo que não está. Tem sempre outra coisa. Que está mais atrás, mais embaixo, mais por dentro. Tem sempre algo complicando menos.
Como aquelas lembranças sussurrando apaixonadamente sobre qualquer coisa. Aquela voz falando bem baixo, e as mãos tentando encontrar algo pra fazer.
Ela nunca mais conhecera alguém que falasse bem baixo, como se contasse um segredo.
Pequenos segredos.
Que ela esquecera.