26.3.08

Aos meus amigos da faculdade

Porque parece que eles tinham um antes diferente do meu. E o antes deles vinha antes do meu antes, mesmo sendo do mesmo tempo. Isso fazia com que eu os olhasse com olhos de quem via uma grande serpente colorida cheia de veneno. Essa serpente queria as vezes meu olhos pra ela. Que fazer desses lagos? Lagos pra mim tinham sempre sido vazios de sentido e de pessoas mas agora eram coloridos também e a músicas do disco sempre acabava antes de acabar. Era esse antes cheio de céu azul e tardes sozinhas com o sino batendo que ela desejava silenciosamente. Bem, as coisas eram sempre um pouco uns joelhos cansados, mas eram também uma certa percepção de que nada podia ser melhor que aquilo, um monte de gente junta sabendo que queria a mesma coisa de certa forma. “De certa forma” era sempre uma expressão que ela usava pra se expressar sem se comprometer muito. E sem digitar muitas diferenças. E de certa forma todos faziam tudo por medo de sentir uma palavra cheia de significados. A saudade talvez estivesse uns porcentos chegando por perto, a cada dia queriam mais a si mesmos. Manhãs azuis e tardes cinzas, apressadas ainda queriam mudar muitas coisas. O tempo indiferente ia passando, quanto mais se desprezava ele, mais depressa ele se ia. Horas. Minutos. Passando.

20.3.08

em construção

o que veio antes não importava mais.
e nenhum deles sabia dizer bem o porquê, já que o antes tinha sido há tão pouco. O que importa é que há pouco tudo era diferente, mas bastaram alguns poucos momentos desses que a gente poderia chamar de momentos decisivos, importantes, cheios de coisas pequenas que a gente poderia classificar como insignificantes, para que tudo fosse decidido de outro jeito, como eu diria, é que nesses momentos qualquer coisa insignificante como um levantar de dedos pra batucar no balcão ou um desviar de olhos seguido de um riso ou. pode pôr tudo a perder. se soubessem o que estava em jogo, certamente perderiam. tatearam palavras cegas às escuras durante todo um tempo. um tempo chuvoso, cheio de pequenas pressas e silêncios. mas as palavras corriam, porque precisavam de um terreno de certeza. qualquer coisa pra pisar. corriam desses dois mundos sentados no mesmo banco. os dois separados por alguma coisa sem nome, que ia crescendo cada vez que um pedaço de pensamento caía bem no meio deles. uma coisa tão antiga quanto o impulso, talvez anterior a ele.
O que vem depois disso não importa.